quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Enxaqueca como fonte de inspiração


Lewis Carroll, autor de Alice no País das Maravilhas, recorreu à ficção para diminuir o sofrimento causado por suas fortes dores de cabeça
por Moacyr Scliar


Enxaqueca, aquela dor de cabeça latejante que frequentemente é sentida em um lado só da cabeça (a hemicrania, de onde vem o termo migraine) é um problema comum. Só nos Estados Unidos afeta cerca de 28 milhões de pessoas, por isto que, em cerca da metade dos casos, o diagnóstico não é feito. Discute-se muito se a enxaqueca corresponde a um perfil psicológico característico. Comenta-se que essas pessoas em geral são perfeccionistas, com uma tendência a internalizar problemas e propensão ao stress. Muitos autores classifi cam essa afirmação como uma generalização temerária, mas um trabalho realizado na Universidade Philipps Marburg, na Alemanha, mostrou com números que a enxaqueca se acompanha de melancolia, desamparo e sentimento de culpa – ou seja, traços depressivos. Essas linhas são encontradas, também, com frequência entre escritores, muitos dos quais sofreram, ou teriam sofrido (às vezes o diagnóstico retrospectivo é difícil) de enxaqueca.

Alguns exemplos: Miguel de Cervantes, Virginia Woolf, e o próprio Sigmund Freud. Mas nenhum destes casos é tão famoso quanto o do escritor inglês Charles Lutwidge Dodgson (1832-1898), mais conhecido pelo pseudônimo de Lewis Carroll, autor dos famosos Alice no País das Maravilhas (Alice in Wonderland) e Alice no País do Espelho (Through the Looking Glass and What Alice Found There). No caso dele o diagnóstico de enxaqueca é mais ou menos pacífico; a dor era intensa, a ponto de levá-lo a usar láudano – uma tintura de ópio –, mas nada indica que fosse dependente. Agora: qual a relação da enxaqueca com a literatura de Lewis Carroll, ou com a elaboração ficcional?

A resposta está numa palavra: aura. Este é o estado que antecede o ataque de enxaqueca, e que em geral se caracteriza por fenômenos visuais de tipo alucinatório, luzes, fi guras, linhas móveis. O conhecido neurologista e escritor Oliver Sacks descreve assim seu primeiro ataque de enxaqueca, ocorrido na infância: “Eu estava brincando no jardim, quando uma luz brilhante, tão ofuscante como o sol, surgiu diante de mim, expandiu-se, formando um enorme semicírculo da terra para o céu, movendo-se em ziguezague. Eu estava aterrorizado. Foram os minutos mais longos de minha vida”.

Lewis Carroll registrou em diário suas alucinações visuais, que eram, como acontece na enxaqueca, seguidas de forte dor de cabeça. Por causa disso chegou a consultar um oftalmologista, que nada encontrou de errado em seus olhos, mas lhe recomendou ler menos (o que não é exatamente um bom conselho para um escritor). Por outro lado, situações alucinatórias não faltam nas aventuras de Alice. Ela aumenta ou diminui
de tamanho, vê um gato sorridente que de repente fica reduzido só ao sorriso. Por causa disso usa-se a expressão “síndrome de Alice no país das maravilhas”, cunhada pelo médico inglês John Todd em 1954, para descrever as alucinações visuais que precedem a enxaqueca, e que podem ocorrer também sem dor de cabeça.

Virginia Woolf diz que “o idioma inglês, que pode expressar tão bem os pensamentos de Hamlet e a tragédia do rei Lear, não tem palavras adequadas para a enxaqueca. Se alguém tiver de descrever essa dor para o médico, logo constatará que as palavras lhe faltam”. Talvez tenham faltado também a Lewis Carroll; talvez por isso ele tenha recorrido a uma imaginosa fi cção. De seu sofrimento e de sua perplexidade brotou uma literatura que nos encanta e que até hoje inspira artistas. O excêntrico e imaginoso diretor americano Tim Burton acaba de concluir uma versão cinematográfica da obra, com Johnny Depp, Anne Hathaway e Helena Bonham Carter nos papéis principais. Pode ter sido uma dor de cabeça (ou enxaqueca?) adaptar um livro tão inusitado para as telas, mas certamente será para nós, espectadores, uma experiência no mínimo curiosa e talvez até arrebatadora.

domingo, 9 de agosto de 2009


"O mundo dá voltas", "quem te viu quem te vê".

Ela que se considerava uma "alma perdida" de Mário Quintana e dizia que o que não aceitava era assistir novelas de tv e ouvir música pop, agora assiste todas as noites a novelas das 18h e escuta a trilha sonora da mesma, com suas músicas "sertanejas" e sonha em morar na fazenda.

Dorme serena e no sereno sonha

Ela que passava as madrugadas acordada e as manhãs dormindo agora acorda as 6 da matina e vai trabalhar, não passa das 23h e já se encontra em sono profundo.
Ela que repudiava compromissos agora está comprometida.
Ela levava sermões agora dá lições.
Ela que não faltava uma balada, agora as falta pra estudar.
Ela que pensava com o mar, agora pensa com a cabeça.

O mundo dá voltas e estamos sempre em constante mudança, espero que para a melhor... o mundo dá voltas mas estamos andando em círculos? Não?Não!

domingo, 2 de agosto de 2009

Agosto, Desgoto.

E então eis que chega o desgosto. Se o céu dos últimos dias de julho foi de um azul intenso, o céu de agosto as vezes chora e as vezes blue.

Salve-se quem puder.

"Foi em vento de Agosto
Foi no último soprar
Que se foi de mim teu pulsar
Moranga partida em dois."
Manacá - lamento

Key words: música, triste.