terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

O nicho ecológico


                Quando iniciei meus estudos na ecologia, já na graduação, percebi o quanto o conceito de nicho ecológico é muito mais complexo do que o simples “habitat é a casa e nicho é a profissão” do Ensino Médio. Existe uma mal compreensão do termo.
                É necessário que se compreenda que nicho não é um local, mas sim uma idéia, é um resumo das tolerâncias e necessidades de um organismo.
                Hutchinson em 1957 propôs o  conceito moderno de nicho na qual a tolerância e a necessidade interagem com as condições e recursos necessários à um indivíduo ou uma espécie, a fim de cumprir seu modo de vida. Podem existir várias dimensões de nichos, como por exemplo, a temperatura que limita o crescimento, reprodução e sobrevivência de indivíduos ou espécies, esses sobrevivem em faixas diferentes de temperatura, essas faixas são dimensões do nicho. Podemos citar também outras condições como salinidade, pH, umidade do ar, fluxo da água e os recursos necessários variados para a sobrevivência da espécie.
                Porém o conceito de nicho foi ampliado e se distinguiu em Nicho Fundamental e Nicho Realizado. Em geral uma espécie tem um nicho mais amplo quando na ausência de competidores e predadores, sendo assim, este descreve as potencialidades totais de condições e recursos na qual a espécie pode tolerar, denominando-se Nicho fundamental. Com um espectro mais limitado, descreve-se o conceito de Nicho Realizado cuja natureza exata é determinada  pelo tipo de interações presentes nele, realçando a competição inter-específica que reduz a fecundidade e a sobrevivência.
                No meu entender, nicho fundamental é aquilo no qual as espécies tem o potencial para “ser” (viabilidade) e nicho realizado é o que as espécies realmente “são”.

                Só divagando um pouquinho, e necessitando tirar meu português da gaveta. Achei uma forma interessante para exercitar minhas produções de textos, outrora  satisfatórias, e agora nem tanto.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Bons ventos

Boas notícias chegando, planos se concretizando, planos sendo planejados. Ah... como é bom sonhar!

Realizando o sonho de menina, voltei para o Ballet.
Agora vai um aperitivo poético retirado do blog de minha amiga bailarina Juliana (http://aperitivopoetico.blogspot.com/), escrito pela sua mãe e minha querida ex-professora.



"As pequenas bailarinas
Fila de espera por trás das cortinas
As pequenas bailarinas
Cordão de estrelinhas de tule
Querendo virar cometas.

Pelos olhos cintilantes
Não serão elas, as estrelinhas
Que no palco entrarão.
O palco com cortinas e aplausos
Já entrou-lhes no coração.

As pequenas bailarinas
Saem estrelas, voltam fadas,
São pastoras e ovelhas
Feitas de coques, sapatilhas e meias
Pelas músicas orquestradas.

Encerrado o espetáculo
Nem de noite nem de dia
Vão as estrelinhas para a casa
E por mais que o sono arrebate
Já não podem ser apagadas."

Anchella Monte

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Carl Sagan - Pálido ponto azul

OS ERRANTES: UMA INTRODUÇÃO

Fomos errantes desde o início. Conhecíamos a posição de todas as árvores num raio de duzentos quilômetros. Quando os frutos ou as castanhas amadureciam, lá estávamos nós. Seguíamos os rebanhos em suas migrações anuais. Deleitávamos-nos com a carne fresca. Por ações furtivas, estratagemas, emboscadas e ataques de força bruta, alguns de nós realizávamos em conjunto o que muito de nós, sozinhos, não podíamos conseguir. Dependíamos uns dos outros. Viver por conta própria era uma idéia tão absurda quanto fixar residência.
Trabalhando juntos, protegíamos os filhos dos leões e das hienas. Ensinávamos a eles as habilidades de que iriam precisar. E as ferramentas. Naquela época, como agora, a tecnologia era a chave de nossa sobrevivência.
Quando a seca era prolongada, ou quando o frio se demorava no ar do verão, nosso grupo partia - às vezes para terras desconhecidas. Procurávamos um lugar melhor. E, quando não nos dávamos bem com os outros em nosso pequeno bando nômade, partíamos à procura de um grupo mais amigável em algum outro lugar. Sempre podíamos começar de novo.
Durante 99,99% do tempo, desde o aparecimento de nossa espécie, fomos caçadores e saqueadores, errantes nas savanas e nas estepes. Não havia guardas de fronteiras então, nem funcionários da alfândega. A fronteira estava por toda parte. Éramos limitados apenas pela Terra, pelo oceano e pelo céu - e mais alguns eventuais vizinhos rabugentos.
No entanto, quando o clima era adequado, quando os alimentos eram abundantes, tínhamos vontade de ficar no mesmo lugar. Sem aventuras. Engordando. Sem cuidados. Nos últimos 10 mil anos - um instante em nossa longa história - abandonamos a vida nômade.
Domesticamos as plantas e os animais. Por que correr atrás do alimento quando se pode fazer com que ele venha até nós?